sexta-feira, 3 de junho de 2011

Cansada...



Eu estou cansado, cansado disso tudo; tudo o que me rodeia, me cerceia, me envolve, me circunda, me enoja, me atrapalha, me confunde, me esvai, me estremece, me esquece, me enlouquece, me aflige, me envenena, me intoxica, me mata – aos poucos e trancos e barrancos -, me consome. Tudo o que eu não sei definir, ou que sei definir tão bem que não sei escrever tão claramente; tudo aquilo que um dia já foi bom e hoje é ruim e tudo aquilo que quero que seja bom mas ainda não é. Estou cansado da espera, do desejo infinito, do querer insuportável, da necessidade impreterível, da busca interminável, do pedestal inalcançável, do apogeu inatingível; daquilo que não tenho mas quero ter e não sei como conseguir. Estou farto do medo, do medo que me assombra todos os dias, do medo do próprio medo, do medo de tudo – o mesmo tudo de antes, indefinível e inefável. Exaurido de tanta cobrança, vinda de mim, vinda de ti, vinda dos outros, vinda de ninguém, da falta de cobrança, da falta de vontade, da falta de perspectiva, do excesso de defeitos, do excesso de receio, do excesso de tudo – o mesmo tudo de antes. É um tudo tão cansativo, tão excruciante, tão gutural que se torna um tudo que nem sei o que é de tão grande que parece. Sabe quando você encara um monstro tão grande que só enxerga um pedaço dele mas não consegue definir qual a sua forma exata devido ao tamanho monstruoso? É esse o meu tudo problemático. É esse o meu tudo que me assusta, e que, mormente, me cansa. Estou cansado de não saber nada, estou cansado de saber que nunca saberei nada e que o futuro a mim não cabe preconizar; eu, que preciso de tanto controle de tudo ao mesmo tempo agora, sinto necessidade irrefreável de saber o amanhã: é aí que enlouqueço. O amanhã é medo, é tudo, é nada, é inconcebível. Estou cansado de tudo: não de tudo, apenas daquele tudo

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